Em 22 do mês passado, numa tarde
ensolarada, as avenidas do Parque Ibirapuera, sempre silenciosas e convidativas
aos passeios a pé, foram sobressaltadas pelo barulho ensurdecedor dos possantes
motores das máquinas dos motociclistas bandeirantes.
Pela primeira vez, na história desse
esporte em nossa capital, os dirigentes da Federação Paulista de Ciclismo e
Motociclismo, após vários e difíceis obstáculos, levaram a efeito as corridas
que eram aguardadas com ansiedade pelos fãs do esporte de Fuad.
A vontade dos adeptos do motociclismo, em
verem essa prova, foi causada por vários motivos que originaram diversas
polêmicas e os mais contraditórios pontos de vista.
Como se sabe, a organização das provas foi
atravancada por ordens e contra ordens, com respeito à sua realização. A
Federação se empenhou a fundo, recorrendo em última intância ao Diretor de
Esporte, Cap. Sílvio de Magalhães Padilha, e este ao Governador, quando então,
percebendo que os organizadores tinham o apoio do Executivo, a Diretoria do
Serviço de Trânsito concedeu a devida licença.
Foi esta a principal causa da ansiedade
despertada em todos, pois até a última hora não sabíamos com certeza se de fato
a prova seria realizada.
O outro motivo que despertou a curiosidade
foi o local escolhido. Para uns não servia, para outroa era ótimo.
Foram apontados pelas duas facções os prós
e os contras, porém tivemos oportunidade de constatar que o local não é especial
mas se adapta perfeitamente às provas de motocicletas.
As duas curvas na metade da avenida exigem
sangue frio e perícia dos corredores, e os cotovelos terminais, calma e domínio
absoluto sobre a máquina.
Dessa forma, em meio a todas as corridas,
oriundas do meio, tivemos a realização do 1º Circuito de Motociclismo do Parque
Ibirapuera.
Tudo ocorreu normalmente, salvo pequenos
acidentes de pouca monta, notando-se porém a falta de diversos pilotos, todos
categorizados e populares.
Cinco máquinas especiais deixaram de
competir. Duas Norton Manx, de Felipe Carmona e Oswaldo Diniz, uma Guzzi
Especial de Latorre, a Gilera de Cirilo e a pequena DKW de Eloy
Gogliano.
Os motivos que levaram esses motociclistas
a não participação são vários e sua explicações as mais diversas, o que, para
uma explicação pormenorizada, necessitaríamos de outra revista.
No entanto, não deixamos de lançar nosso
protesto contra esses elementos, pedindo aos mesmos que se tornem mais
esportistas, se é verdade, como apregoam, que gostam do arrojado
esporte.
Quem saba, para a próxima vez, eles,
depois de meditarem com calma, compareçam com sua possantes máquinas, tornando
certamente o espetáculo mais movimentado e bonito.
Da mesma maneira que falamos dos faltosos,
não podemos deixar de elogiar a atitude de Bezzi, o veterano corredor santista,
que dia a dia vem mostrando que indiscutivelmente é o maior motociclista do
país, esportivamente falando.
O "vovô" sempre dá o ar de sua graça em
todas as competições. É sempre o primeiro a inscrever-se e por inúmeras vezes o
primeiro a chegar.
Quer com máquina especial ou máquina
esporte, quer em circuitos perigosos ou fáceis, quer em S. Paulo, Santos ou
outras cidades, Bezzi comparece sempre alegre e disposto, com o elevado espírito
esportivo de participar em provas, não exclusivamente para vencer, mas com sua
presença, com seu nome por demais conhecido no cenário motociclistico nacional e
internacional, corre para ganhar ou perder, dando assim sua parte para a
glorificação do esporte.
Parabéns Luiz Bezzi, e que o exemplo dado
por você seja seguido por todos os motociclistas do Brasil.
O desenrolar das
provas:
Aproximadamente às duas e trinta, com a
presença do Governador do Estado, Exma. Senhora, comitiva oficial, representante
do Cel. Ferlich comandante da Força Policial do Estado, em cuja homenagem foram
realizadas as provas, foi dada a largada para a prova às máquinas 250 cc e 350
cc.
Somente quatro pilotos alinharam, dois
para a categoria 250 cc, e dois para a categoria 350 cc.
Luiz Bezzi, com Moto Guzzi e Alfredo
Faletti com Jawa, ambos do Santos Moto Club, e Angelo Pagotti com Velocette do
Piratininga Moto Club, o qual ao lado de Hugo Moradei, pilotando uma CM
Especial, disputaram a classe 350 cc.
Dada a largada tomou a dianteira o piloto
da Velocette, seguido por Moradei, Bezzi e Faletti.
Na altura da 7ª volta, Pagotti, por
defeitos mecânicos, perdeu vários minutos, perdendo a primeira colocação para
Moradei, como também as demais para os outros corredores.
Partiu novamente em último lugar,
recuperando somente um posto na classificação geral, obtendo assim o segundo
lugar na sua categoria.